Comunicação eficiente e inspiradora. Uma competência obrigatória para o gestor do século XXI 25/01/11
Um pai solicitou ao seu filho que fosse ao depósito de madeira e pegasse a tábua mais comprida. O filho voltou logo, todo feliz, por ter ajudado o pai trazendo sua encomenda conforme tinha entendido. Para sua surpresa, o pai ficou muito zangado, pois a tábua era mais curta cerca de 30 cm em relação ao que precisava e disse ao filho que ele não tinha prestado atenção e precisava ficar mais atento ao que tinha sido dito. Com esse exemplo, Adriano Ferraz Cese, coach e palestrante em treinamentos organizacionais na área de comunicação e liderança comportamental, mostra uma típica comunicação rotineira com a ausência de um fundamento primordial da comunicação e tão comum na relação entre gestor e equipe de trabalho: clareza de expressão.
Segundo Adriano, “em essência, somos nós que temos a responsabilidade de nos fazer entender e não os outros que têm que adivinhar o que pensamos”. O gestor precisa saber que não pode culpar seus subordinados por não entenderem e sim admitir que ele próprio não explicou direito o que queria. Será que tomou o cuidado de verificar se sua mensagem foi compreendida? Sua instrução foi clara e objetiva? Quando fazemos uma solicitação ou uma inferência a um colaborador é comum perguntarmos no final: “você entendeu”? Mesmo que não tenha entendido direito, para preservar sua integridade e sapiência, o colaborador quase sempre acena: “sim, entendi”. Se não entendeu de imediato, entenderá mais tarde quando as coisas acontecerem ou pedirá explicação para outro colega de trabalho.
Distorção
Porém, jamais pergunte “você entendeu”? O segredo parater certeza de que sua mensagem foi captada na íntegra é: “o que é que você entendeu? O que falta explicar”? Quando as pessoas repetem sua mensagem explicando com suas próprias palavras, você poderá perceber se seu entendimento está correto. Os colaboradores não são incompetentes, porém os gestores é que são responsáveis por sua comunicação. As distorções são frequentes em qualquer situação e, por isso, todo cuidado é pouco na hora de transmitir uma mensagem aos subordinados. Para melhorar a comunicação é preciso perceber a diferença entre a realidade interna (que foca o desenvolvimento de sua visão, crenças, valores e desejos) e a realidade objetiva (que é a realização de tudo aquilo que se deseja dentro de um panorama possível). Assim, para chegar a resultados ou objetivos planejados, as pessoas precisam se comunicar com eficiência e, no ambiente corporativo, esse processo tem pelo menos quatro etapas:
• Clarificar sua mensagem e verificar o que diz.
• Repetir a informação para que não haja dúvidas. É muito comum a diretoria comunicar uma nova prioridade ao setor de recursos humanos, que comunica esse novo programa e, após meses, ao se cobrar resultados ela ouve dos funcionários que não sabiam de nada.
• Estabelecer prioridades de ação. O gestor precisa entender que o que é mais importante para ele pode não ser importante para os outros. Nós vivemos no mesmo mundo, mas em realidades diferentes. As pessoas interpretam o que é comunicado de forma diferente, pois os valores e as realidades individuais são distintas para cada pessoa. É preciso enfatizar aquilo que é importante e nutrir expectativas do que se espera deles.
• Compromisso por fazer. Aqui acontece um grande divisor de águas entre o líder-gestor que apenas fala ou aquele que comunica com paixão aquilo que acredita. Segundo Adriano Ferraz Cese, “apenas 17% dos trabalhadores entrevistados em uma grande pesquisa nos Estados Unidos sentem em sua organização que a comunicação é verdadeiramente franca, sincera e respeitosa”. Para inspirar pessoas a se engajarem verdadeiramente em suas tarefas é imperativo falar a verdade, com sinceridade, transparência e franqueza. Em recente pesquisa com mais de 54 mil pessoas foi pedido que elas identificassem as qualidades essenciais em um líder. As quatro principais características foram: em primeiro lugar, a integridade; seguida da comunicação, em segundo; concentração nas pessoas, em terceiro; visão e atenção, em quarto lugar, entre várias outras características. “Nada é tão rápido quanto a velocidade da confiança no relacionamento com as pessoas. A comunicação se torna fácil, sem esforço, objetiva e principalmente mobiliza as pessoas a darem o seu máximo. Nada é tão inspirador quanto a confiança. Nada proporciona mais influência do que a confiança. Nada é tão lucrativo e agrega valor em sua gestão do que transpirar confiança em sua comunicação”, complementa Adriano.
A confiança é a mãe da credibilidade e essa tem como pilar primordial a integridade, tão ausente no ambiente corporativo em um mundo competitivo e em constante mudança. A integridade molda seu sucesso junto aos clientes, funcionários, colegas de trabalho e, principalmente, em sua vida pessoal. Comunicar com paixão e integridade influencia as pessoas e o gestor-líder passará a ter ao invés de colaboradores, seguidores. E isso muda tudo quando o objetivo final são os resultados. Passamos a competir não com os outros, mas com nossa própria qualidade de crescimento. Portanto, a comunicação eficaz é uma das ferramentas essenciais para o sucesso de uma organização e dos indivíduos, mas é preciso facilitar o fluxo de informações entre os colaboradores para que não haja divergências, mas sim convergência de idéias.
Materia retirada da revista SINDMOV edição 57