Conheça os Principais Ambientes de Produção Sob Encomenda 09/01/2010
Os sistemas de produção sob encomenda (job-shop) são característicos de empresas que trabalham com produtos muito diversificados, necessitando de ambientes flexíveis [WALKER, 1996]. Estes processam uma grande diversidade de peças a baixos volumes, e em função de que aproximadamente 75% do volume em dinheiro de todos os produtos metal-mecânicos são fabricados em lotes inferiores a cinqüenta peças cada levou ao desenvolvimento dos sistemas flexíveis de manufatura (FMS), que são capazes de processar lotes de médio volume de variedade média de peças [LIMA e SIMON, 1995].
Dentro da produção sob encomenda, cada pedido refere-se a um produto quase sempre diferente, produzido a partir de um pedido específico, ao qual o cliente pode fornecer o projeto ou não. Não existe um catálogo "fechado" de peças sendo difícil prever "o que" , "o quando" ou "como" será feita a produção no período seguinte. Na prática, estas informações só ficam disponíveis com a chegada do pedido quando então o roteiro de fabricação é delineado, a produção se inicia e os materiais são encomendados [NUNES e outros, 1996].
A figura 3.1 apresenta uma classificação que é bastante útil para localizar a produção sob encomenda no universo dos vários tipos de estrutura de produção. A classificação focaliza a forma como uma empresa se posiciona em relação ao seu mercado, diferenciando os vários tipos de estruturas de produção, considerando em que momento, ao longo do fluxo de atividades necessárias à obtenção do produto, após ser recebido o pedido do cliente, ou quanto se conhece do produto em questão e dos recursos necessários para a sua fabricação nesse instante.[COSTA, 1996].
O ponto "A" descreve as empresas que se propõem a fabricar uma linha de produtos "aberta", não sabendo de antemão o que vão fabricar. A variedade de serviços produzida hoje, via de regra, não é o que se produz amanhã. Tratam-se de situações nas quais tipicamente são fabricadas máquinas e equipamentos especiais, ferramentas e moldes. O ritmo de produção é pouco ou não repetitivo e os tempos totais de produção são relativamente longos (variando de meses até ano).
O ponto "B" descreve o caso de empresas que trabalham, com projetos fornecidos pelo cliente (embora, como no caso anterior, os roteiros de produção, a compra de materiais e a fabricação sejam definidos também somente a partir do recebimento do pedido). Um exemplo típico são as usinagens do setor metal-mecânico que fabricam pequenos equipamentos, peças de reposição, ferramentas e moldes. A existência de um projeto fornecido pelo cliente, abrevia o tempo total de produção e simplifica as tarefas de planejamento e controle. Alguns casos são ainda simplificados (representado na figura pelo ponto "b"), quando o cliente envia junto com o projeto, os materiais para processamento. Este é o típico caso de empresas prestadoras de serviços e oficinas de reparos cuja gestão tende a concentrar na especificação do serviço e produção propriamente dita.
O ponto "C" representa empresas que apresentam uma extensa e heterogênea linha de produtos ou serviços, incluindo itens de famílias muito diversas. Os produtos estão normalmente catalogados, e consequentemente, seus projetos e processos de fabricação são conhecidos desde o recebimento dos pedidos. Porém, como a cada instante de tempo, apenas um pequeno percentual da linha de produtos está sendo fabricado, o mix de produção tende a estar sempre variando o que dificulta a estocagem prévia das matérias-primas mais dispendiosas para atender os eventuais pedidos. Em conseqüência, a tendência é que o processo de compras (ou parte expressiva dele) aguarde até a confirmação da solicitação do cliente.
Os pontos "D" e "E" representam situações de produção em que a linha de produtos e o "mix" de produção são suficientemente estáveis para que se possa fazer as compras de materiais antecipadamente, com base em previsões de consumo, ou numa abordagem mais moderna, estabelecer relações estáveis de fornecimento.
O ponto "E" é aquele em que os materiais estão estocados e alguns itens básicos estão disponíveis antes do recebimento do pedido do cliente (isto é, foram fabricados com base em previsões). Nesse caso apenas as partes ligadas a especificidade do pedido aguardam a definição do cliente. Comparada com a situação do ponto "D" permite conjugar respostas rápidas com flexibilidade no atendimento aos clientes.
Finalmente o ponto "F" se caracteriza pelo atendimento aos pedidos com base na estocagem de produtos finais. Essa situação é alcançada eficientemente em mercados estáveis onde a produção e as compras são feitas antecipadamente com base em previsões.
Figura 3.1- Estruturas de produção definidas a partir do instante de chegada do pedido
Comparando os dois extremos, o ponto "A" e o ponto "F", verifica-se que corresponde à transição de uma situação de alta variabilidade com mix de produção flexível, baixo volume e freqüência de produção, e longos tempos de produção, para uma posição de estabilidade, com uma linha de produtos definida, mix de produção homogêneo, volume de produção elevado, tempos de reposição relativamente curtos e produção repetitiva. O casos representados pelos pontos "A", "B" e "C" correspondem a empresas que competem com base na oferta de uma grande variedade de tipos de produtos, sendo que tipicamente utilizam um lay-out do tipo job-shop pela necessidade de tratar com pedidos específicos de clientes, que se repetem numa freqüência baixa, ou são feitos uma única vez.
Na produção sob encomenda, a preocupação é prover um sistema suficientemente flexível para dar conta das características específicas dos diferentes pedidos que possam porventura surgir. Na maioria da vezes, máquinas universais são escolhidas e organizadas segundo um arranjo funcional, no qual os equipamentos ficam agrupados de acordo com a natureza do serviço que se propõem a fazer. A automação nesse ambiente tende a ser comparativamente pequena em função dos investimentos elevados relacionados à adoção de sistemas flexíveis de manufatura.
A figura 3.2 caracteriza as várias situações de produção, utilizando critérios como a natureza da linha de produtos, o mix de fabricação, os tempos totais de produção, o volume, o ritmo de produção e o provável arranjo físico dos recursos de produção[COSTA, 1996].
Figura 3.2 - Caracterização da produção sob encomenda